in english Para os formalistas russos, a arte de qualidade produz ostranenie, neologismo que, traduzido, pode significar estranhamento. Diante da grande arte, não conseguimos manter a passividade. Algo, em nós, se movimenta. E em várias direções, como o obturador de Schmitt-Prym. Os gregos preferiram chamar de epifania, derivado de epiphanós, local em que o sagrado se manifesta. O que vemos, não é real. Ou o real é infinitamente mais complexo do que o que vemos. Como as fotos de Schmitt-Prym. Mais tarde, Longino chamou a este estranho efeito da grande arte de sublime. Talvez por que, mais que tudo, ela nos cause espanto. Impossível ver as fotos de Schmitt-Prym sem perplexidade. Pois os três conceitos teóricos, estranhamento, epifania e sublime, foram os que me vieram à mente ao contemplar (olha o sagrado aí outra vez...) as fotos de Schmitt-Prym. A grande arte fala sozinha, ela não precisa de comentaristas, críticos, avaliadores. Diante dela, basta dizer, como disse Buonarroti: — Parla! E ela fala, como as fotos do Schmitt-Prym.
Charles Kiefer, escritor |